O estigma é um termo utilizado para se referir ao conjunto de crenças, atitudes e preconceitos que são direcionados a um grupo social específico. No caso dos transtornos psíquicos, essas crenças podem levar a ideias pré concebidas, à percepção e à marginalização das pessoas que sofrem dessas condições.
O estigma sobre os pacientes com transtornos psíquicos não é algo pueril, está enraizado em nossa cultura, sendo consequência de séculos de atraso no conhecimento e condução do paciente psiquiátrico.
Podemos identificá-lo sendo reproduzido diariamente em programas de televisão, discursos nas mídias sociais e até em atitudes de profissionais da saúde. Não sendo, portanto, difícil de compreender cada vez mais o isolamento deste paciente.
O preconceito é filho da falta de informação
O estigma dos transtornos psíquicos é um fenômeno complexo que pode se manifestar de diversas maneiras. Na forma de piadas e estereótipos negativos, ou mesmo pelo isolamento social.
Pessoas que sofrem de transtornos psíquicos relatam que são tratadas de forma diferente por profissionais de saúde, ou que enfrentam preconceito quando tentam acessar serviços de saúde mental. No meio social, muitos acabam evitando reuniões, festas ou mesmo compromissos profissionais, se isolando cada vez mais e tendo pavor do contato com outras pessoas.
Uma das principais razões pelas quais o estigma dos transtornos mentais persiste é a falta de compreensão e informação sobre essas condições.
Muitas pessoas acreditam em mitos e inverdades sobre doenças mentais, o que pode levar a um medo ou aversão em relação às pessoas que sofrem com essas condições.
Ainda hoje, em pleno século 21, há quem acredite que problemas psíquicos são uma fraqueza pessoal, que as pessoas com essas condições são violentas, imprevisíveis ou estão assim por vontade própria.
O círculo infinito do estigma e o medo de pedir ajuda
O estigma das doenças mentais muitas vezes impede as pessoas de buscar ajuda quando precisam.
O medo de ser julgado ou rejeitado acaba provocando a demora em buscar auxílio, o que pode levar a um agravamento dos sintomas e dificultar o tratamento da condição desse paciente.
Além disso, o estigma desses transtornos pode afetar a autoestima e a autoconfiança das pessoas que sofrem com essas condições. A exclusão social pode causar sentimentos de vergonha e inadequação, o que pode levar a esconder sintomas, evitar procurar ajuda profissional e se isolar cada vez mais.
Uma das ações a curto prazo a fim de combater a estigmatização e o preconceito é a conscientização e a informação. Isso pode ser feito através da educação pública, campanhas de conscientização e iniciativas para reduzir todos os mitos e falsas simetrias quando se refere a saúde mental.
Também é importante garantir que as pessoas com transtornos psíquicos tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade.
Isso pode envolver o treinamento de profissionais de saúde mental, com o foco em reduzir o estigma e garantir que as pessoas recebam um tratamento adequado e respeitoso.
Doenças psíquicas também são doenças
Um dos principais estigmas associados a esses quadros é a ideia de que esses problemas são causados por “falta de vontade melhorar”. Muitas pessoas acreditam que o doente deveria simplesmente “superar” o problema e seguir em frente.
Essa visão é baseada em uma compreensão limitada do que é um transtorno psíquico e do quanto ele pode afetar a vida de uma pessoa.Outro estigma comum é o medo e a desconfiança em relação às pessoas que sofrem de qualquer transtorno mental. Isso pode ser especialmente verdadeiro para casos mais graves, como esquizofrenia ou transtorno bipolar.
Infelizmente, esses medos muitas vezes são baseados em informações imprecisas ou estereótipos que não refletem a realidade dessas pessoas. Esse medo pode levar à exclusão social e ao isolamento de quem precisa de apoio, acolhimento e compreensão.
Um estigma associado também aos transtornos psíquicos é a ideia de que esses problemas são incuráveis ou que as pessoas acometidas nunca poderão levar uma vida normal. Isso pode ser especialmente prejudicial, porque pode levar a desistência de procurar tratamento ou apoio.
Na realidade, muitas pessoas com condições psiquiátricas respondem muito bem aos tratamentos e são capazes de levar uma vida totalmente normal e produtiva.
As consequências do pré-conceito
Uma das consequências mais perigosas do preconceito em relação à saúde mental é o reflexo na vida profissional. Muitos doentes enfrentam dificuldades em encontrar emprego ou manter seus cargos e funções, devido ao estigma associado aos seus transtornos. Isso pode levar a um ciclo de pobreza e exclusão social que se torna ainda mais difícil para as pessoas se recuperarem.Pessoas com transtornos mentais enfrentam negligência, estigma e discriminação. O estigma contra essas pessoas afeta sua qualidade de vida, dificulta sua capacidade de contribuir para a sociedade, além de desestimular a busca por tratamento por medo de serem rotulados. Programas e intervenções com objetivo de combate ao estigma possuem resultados positivos, mas existe a necessidade de pesquisas e desenvolvimento na área, para que sejam desenvolvidas medidas eficazes garantindo benefícios a longo prazo.