A depressão é uma doença mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo; e é considerada o grande mal do século XXI.  Atinge cerca de 5% da população do planeta e é a principal causa de incapacidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

 O número de pessoas com depressão sobe a níveis alarmantes no mundo todo. Só no Brasil, 5,8% dos habitantes sofrem com a doença, a maior taxa do continente latino-americano. 

Embora a maioria das pessoas com depressão responda bem aos tratamentos, e atualmente existam várias terapias com medicamentos eficazes, em cerca de 30 % dos pacientes  que sofrem com este quadro esses tratamentos fazem pouco ou nenhum efeito. 

Essas pessoas têm a chamada depressão resistente ao tratamento, também conhecida como refratária ou não responsiva. 

A depressão resistente é uma condição grave que leva à cronificação do quadro e pode levar ao suicídio em alguns pacientes. Neste artigo, exploraremos o problema e sua relação com o suicídio. 

Depressão Resistente: o que é? 

A depressão resistente é um tipo de depressão que não responde aos tratamentos convencionais, como terapia e medicamentos antidepressivos. Geralmente é considerada resistente quando os sintomas persistem por mais de dois meses, apesar do tratamento adequado. A depressão resistente é uma condição grave que pode ter um impacto significativo na vida dos pacientes. Alguns sintomas deste transtorno, incluem: 

  • Humor deprimido persistente 
  • Perda de interesse nas atividades cotidianas 
  • Alterações no apetite e sono 
  • Fadiga e perda de energia 
  • Sentimentos de inutilidade e culpa 
  • Dificuldade de concentração 
  • Pensamentos suicidas 
  • Já fez uso de 2 ou mais antidepressivos por tempo e dose adequados sem melhora dos sintomas 

depressão resistente

Depressão Resistente e Suicídio 

A depressão resistente pode levar ao suicídio. Embora parte dos pacientes com depressão nunca experimentarão um pensamento suicida, é importante estar ciente dos fatores de risco associados ao suicídio. Alguns fatores de risco incluem: 

  • História de tentativas prévias de suicídio 
  • Histórico familiar de suicídio 
  • Abuso de álcool ou drogas 
  • Sentimento de desesperança 
  • Isolamento social e falta de suporte emocional 
  • Doença física grave 
  • Presença de transtornos psiquiátricos coexistentes, como transtorno bipolar ou transtorno de personalidade, por exemplo.  

É importante ressaltar que o suicídio não é uma escolha, mas sim uma consequência trágica da doença mental. Os pacientes com depressão resistente não estão simplesmente “procurando atenção” ou “sendo dramáticos”. Eles estão lutando contra uma doença mental debilitante que afeta sua capacidade de pensar racionalmente e tomar decisões saudáveis. 

Precisamos falar sobre suicídio 

A cada 40 segundos, em algum lugar do planeta, alguém morre por suicídio. São cerca de 800 mil vítimas, por ano. Estima-se que entre 50% e 60% dessas pessoas sofrem de depressão. 
 
Impossível, portanto, pensar em prevenção do suicídio sem conceituar a depressão como emergência médica. Atualmente, apenas metade dos doentes estão em tratamento e, deles, só 20% são, de fato, bem assistidos. “O suicídio, como a depressão, precisa ser entendido como uma questão de saúde pública”, defende o psiquiatra, autor do livro  Tratado de Suicidologia”. 

É preciso falar sobre suicídio. Para começar, é imprescindível livrá-lo de todos os estigmas religiosos, morais e culturais e abordá-lo como previsto na medicina – depressão, como todos os distúrbios psiquiátricos, é uma doença como qualquer outra. 

A mudança na compreensão do suicídio é um movimento que exige o comprometimento de todos. De pacientes, familiares, amigos, profissionais de saúde e da sociedade em geral. E isso só acontece com a disseminação de conhecimento e informação qualificada. Dessa forma, é possível construir um ambiente empático e sem julgamentos, no qual as pessoas se sintam confortáveis em compartilhar suas experiências e emoções. 

Para alguém com ideação suicida, considerações do tipo “pare de bobagem”, “deixe de ingratidão” ou “você só está querendo chamar a atenção” são extremamente prejudiciais. Reforçam os sentimentos de culpa, inadequação e baixa autoestima e podem jogar esse paciente em um estado de profunda solidão. Não se deve jamais duvidar ou julgar uma pessoa que realiza uma tentativa ou fala em suicídio. 

O acolhimento e o incentivo daqueles que estão ao redor dos pacientes são fundamentais para que eles se sintam seguros, dispostos a seguir em frente e amparados diante dos desafios naturais da jornada de recuperação. 

Tratamento da Depressão Resistente 

O tratamento da depressão resistente pode ser desafiador e geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar. Algumas opções de tratamento incluem: 

  • Terapia de Estimulação Magnética Transcraniana (EMT ou TMS): técnica não invasiva que usa campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro. A TMS é frequentemente utilizada para pacientes com depressão resistentes que não respondem a medicamentos antidepressivos. 
  • Infusão de Ketamina ou Cetamina: anestésico que tem sido estudado como uma opção de tratamento para depressão.  Ela bloqueia o receptor NMDA no cérebro, que pode ajudar a restaurar a função neural normal e aumentar a produção de proteínas que promovem o crescimento e a sobrevivência das células neurais. Além disso, a cetamina também é conhecida por ativar outros neurotransmissores que podem ter um efeito antidepressivo. 

A depressão e o suicídio são problemas complexos e multifacetados. Quando a dor é intensa e sentem que não há esperança de melhora, elas pensam na morte como uma forma de aliviar a dor que sentem. 
Além do tratamento médico, é importante que as pessoas com depressão recebam apoio e compreensão de familiares, amigos e da sociedade.